Tendo sido a minha mãe quase toda a vida um pouco Maria-rapaz e tendo crescido numa família com um pai e dois irmãos, a minha feminilidade não era muito compreendida. Na altura em que era pequena, usavam-se aqueles fatos de treino, super hiper fashion para a altura, eu gostava muito, mas havia alturas em que gostava de me aperaltar que nem uma menina que era e eram nessas alturas que sentia algumas limitações. A minha mãe não tinha bijuterias nem maquilhagens, nem aquelas coisas que todas as crianças meninas gostam de experimentar das mães, logo todas essas experiências de meninices não existiram na minha infância. Cresci e passei também eu por uma fase mais maria-rapaz, talvez por "imposição" dos costumes lá de casa. Se me aperaltava um pouco mais, sentia-me logo um peixinho fora de água, então assim fiquei. Muito eu, feminina, mas sem grandes coquices das raparigas da minha idade. Quando comecei a ganhar mais autonomia e a tornar-me menina mulher, comecei a mudar um pouco a minha aparência e a dar atenção a alguns pormenores, mas já de uma forma diferente do resto das mulheres. Não elouquecia por causa dum baton, nem fazia planos elaborados para comprar a próxima colecção de qualquer coisa. Ainda hoje assim sou eu, muito feminina, muito preenchida com a minha maneira de ser mulher, gosto de me sentir bem e apaparicada, mas não sou de extremos. Conheço o lado de ser-se menos feminina, e considero que isso também se tornou uma vantagem na minha maneira de ser e ver o mundo. Não sou tão fútil e materialista como algumas mulheres que vejo e conheço. Não considero que uma mulher se torna bonita por usar um salto alto, ou uns brincos cintilantes, ou uma maquilhagem exuberante. Sei entender que a beleza duma mulher é realmente a sua essência, a sua feminilidade interior, que está lá na forma de ser, independentemente da maneira que a expressa. Gosto de me sentir assim, simples, consciente que sou mais mulher não consoante a quantidade de bijuteria que uso, mas da forma como me sinto e a transmito para o mundo. Reflito isto porque vejo tantas mulheres a viverem obcecadas pela roupa, sapato, mala, enfim, aquele objecto ideal que a vai fazer sentir melhor. Eu também adoro comprar miminhos para mim, mas de maneira nenhuma considero que isso seja uma conquista para a minha forma de ser mulher. É tão mais simples e descomplicado viver-se assim, apenas saber-se ser e ter a essência de mulher.
Gostei muito deste teu texto!
ResponderEliminarRevi-me inteiramente neste post, sem tirar nem pôr! E concordo plenamente contigo.
ResponderEliminarBeijo grande Mafizinha